"Mulheres da Lusofonia" - Discurso de Kathleen Laissy, Presidente da CCBP
- Communication CCBP
- 25 de set.
- 3 min de leitura

No sábado passado, Kathleen Figueiredo Laissy, presidente da Câmara de Comércio Belga-Portuguesa (CCBP), teve a honra de ser madrinha e oradora principal do evento "Mulheres da Lusofonia – Vozes da Diáspora», organizado pela Fundação For Women by Women no Press Club Brussels Europe.
Este encontro de alto nível reuniu mulheres lusófonas inspiradoras, ativas nas áreas da política, finanças, empreendedorismo, artes e liderança, criando um espaço para o diálogo, troca de ideas e o empoderamento.
Leia aqui o discurso completo de Kathleen:
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Excelências, ilustres convidados, caros amigos,
É com grande honra que me apresento hoje perante vós como madrinha deste evento, "Mulheres da Lusofinia: Vozes da Diáspora".
Gostaria de começar por agradecer calorosamente a Sónia Silva, presidente da For Women By Women, pela sua visão, e a Ady Batista pela sua dedicação incansável. Vocês criaram um espaço que dá voz a mulheres que muitas vezes permanecem invisíveis, apesar das suas contribuições extraordinárias.
A diáspora lusófona é uma das mais ricas e diversificadas do mundo. Da África à América Latina, da Ásia à Europa, ela incorpora séculos de história, resiliência e intercâmbio cultural. A nossa língua une-nos, mas as nossas histórias são tão plurais quanto os continentes que habitamos.
Aqui em Bruxelas, na capital da Europa, a diáspora lusófona é vibrante. Somos empresárias, professoras, artistas, cientistas, diplomatas, banqueiras e mães. Construímos pontes entre Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste — e as nossas sociedades de acolhimento. Somos a prova de que a identidade não é limitada pela geografia, mas enriquecida pela diversidade.
Como mulheres desta diáspora, temos uma dupla missão. Por um lado, honrar as nossas raízes — a cultura, as tradições e os valores que nos moldaram. Por outro lado, inovar, liderar e abrir caminhos nas sociedades que agora chamamos de lar. Isto nem sempre é fácil. É preciso coragem para entrar em profissões outrora reservadas aos homens, para levantar a nossa voz em debates políticos ou para reivindicar visibilidade em setores onde as mulheres ainda estão sub-representadas.
Mas quando as mulheres da diáspora são bem-sucedidas, todos nós ganhamos. Mostramos à próxima geração que é possível ser orgulhosamente lusófono e cidadão do mundo plenamente envolvido. Mostramos que a migração não é uma história de perda, mas de multiplicação — multiplicando culturas, multiplicando talentos, multiplicando oportunidades.
É por isso que o evento de hoje é tão importante: ele nos lembra que a diáspora não se trata apenas de movimento, mas de contribuição. Trata-se de como as nossas vozes enriquecem as sociedades, como as nossas identidades atuam como pontes e como as nossas experiências plurais nos tornam mais fortes.
Permitam-me destacar as pessoas inspiradoras que estão conosco hoje:
• S. Ex.ª o Embaixador Helder Vaz, em representação da Guiné-Bissau, lembrando-nos que a diplomacia é também uma voz da diáspora.
• Paulo Gomes, com a iniciativa AfroChampions, mostrando que a verdadeira liderança inclui ser um aliado.
• Suzi Barbosa, ex-Ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, cuja carreira testemunha a força das mulheres lusófonas na política.
• Sónia Silva, filantropa e banqueira, que personifica a liderança e a generosidade.
• Nelma Fernandes, Vanessa Fernandes, Monica Mussoni e Aline Yasmin, cada uma trazendo a sua voz da educação, do empreendedorismo, do cinema e das artes — o coração da nossa diáspora.
Também nos lembramos que aqui em Bruxelas, duas das três instituições da União Europeia são lideradas por mulheres — Ursula von der Leyen e Roberta Metsola. A sua liderança prova que as mulheres podem e devem liderar nos mais altos níveis e que a Europa é mais forte quando acolhe as vozes das mulheres.
Como presidente da Câmara de Comércio Belga-Portuguesa, quero também acrescentar um compromisso: abrir as portas da Câmara para uma maior cooperação. A nossa Câmara não se limita aos negócios. Trata-se de redes, visibilidade e reconhecimento. Trata-se de garantir que os talentos das mulheres lusófonas — seja nas artes, na educação ou no empreendedorismo — sejam visíveis, apoiados e conectados a oportunidades.
E, por fim, permitam-me dizer, a título pessoal, que me sinto profundamente honrada pelo convite para ser a madrinha deste evento. Presto homenagem à minha mãe e às minhas avós, que abriram caminho para mim. Elas criaram-me de tal forma que nunca questionei se podia ou não reivindicar algo ou perseguir um objetivo. Simplesmente fui atrás do que queria, porque elas nunca ergueram barreiras. Fui criada por matriarcas fortes e poderosas — e isso é algo que encontramos em todas as sociedades lusófonas: mulheres que arregaçam as mangas, que perseveram, que lideram com força e dignidade.
É em nome delas, e em nome de todas essas mulheres, que me comprometo a apoiar sempre a For Women By Women em todos os seus projetos e atividades. E também serei a vossa voz, onde quer que esteja.
Muito obrigada. Merci. Thank you.





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